A verdade? A verdade é que, na verdade, eu não sei ao certo o que realmente é verdade. Eu sei o quanto humilhante é admitir isso, mas é verdade. Meu coração está apertado. Muitos espetáculos eu presenciei, desde novelas mexicanas até filmes de terror. Ultimamente a peça Cisne Negro anda me chamando mais atenção, há muitos atores querendo o papel principal. E eu achando que Romeu e Julieta nunca sairia de cena... Cada batimento dói um pouco mais que o anterior. Eu, como um bom diretor que achava ser, tento redirecionar esses atores a outros espetáculos, mas eles insistem que nada é tão imponente e sedutor quanto fazer o papel do Cisne Branco. Meus braços começam a formigar. Desde sempre eu achei isso muito absurdo, e fiz de tudo para que mudássemos o foco. Fizemos desde clássicos da Disney, como Cinderela, com adaptações com mar e pombas, até Chicago, onde meus belos atores colocaram suas meias 3/4 e mostraram suas coxas ao público. A visão começa a ficar obscurecida. Apesar de gratificantes, essas peças não foram tão gloriosas quanto as nossas próprias criações... o amor, a traição, a intriga, o medo... O MEDO!!! A forma como contornamos o medo que vivíamos todos os dias, a forma como meus atores construíam seus belos palácios. Eu, por exemplo, fiz um castelo lindo, de um material que achei único e fantástico. Diga-se de passagem o fundo do meu castelo era maravilhoso. A respiração começa a falhar aos poucos. Vê-los se divertindo tanto foi muito bom, ao ponto de eu querer também fazer uma atuação. Eles ficaram surpresos com o pedido, mas me ajudaram com o que puderam e fizemos um lindo espetáculo. Na verdade foi um espetáculo memorável, e foi o momento da minha vida mais coberto de verdades. Sinto o gosto do sangue. Infelizmente, meu castelo de areia foi levado pelo meu belo fundo, o mar. Infelizmente também, eu notei que ser diretor é muito diferente de ser ator, talvez teria sido melhor se eu jamais tivesse saído do meu lugar. E por fim, eu finalmente descobri o porquê dos meus atores acharem Cisne Negro realmente tão fantástico, porque fazer o papel do Cisne Branco é algo único. Único, não só no sentido de não haver nada igual, mas também por só poder ser feito uma vez. Meu corpo cai no chão, já sem vida.

1 comentários:

Quando vivemos algo único, sempre o sabemos. A delícia de ter vivido aquilo e a dor de saber que nunca mais viverá novamente. E o que falar de largar as rédeas da vida e se deixar ser dirigido e não mais dirigir? Criar uma obra, ou ser a própria arte... enfim divago. Belo texto!

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Marcelo é um espadachim de fogo e seu sonho está muito próximo de se tornar realidade.
Ângelo é um mago de gelo com uma vida prestes a mudar.
Miro é um guerreiro de fogo com sérios problemas com seu rival.
Glaucos é um arqueiro de vento galanteador e de vida fácil.
Cada um deles tem um segredo, os quais estão prestes a serem revelados.

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