O domingo passou rápido, fui para a biblioteca ler mais sobre as técnicas que usavam espada e fogo ao mesmo tempo para poder treiná-las durante a semana, já que comecei a treinar as técnicas de espada flamejante há pouco tempo, e essas técnicas seriam muito importantes para a prova final. Não vi o Ângelo, mas teria o resto da semana. Não queria contar com o tempo que vinha após a prova final.
Na segunda fiz minha rotina até chegar à casa de poções. Não sabia se devia esperar a Carol, mas o Ângelo apareceria e isso era algo muito bom. Não demorou para que ele chegasse. Cumprimentamo-nos com um abraço apertado e um beijo na bochecha.
-Bom dia Marcelo. - ele disse com um sorriso no rosto.
-Bom dia. - respondi, era uma sensação muito boa estar perto dele.
-A Carol vem?
Isso era algo que eu também queria saber, seu rosto demonstrou um pouco de preocupação.
-Não sei.
Eu estava pensando nela quando ele disse algo.
-Acho que podemos esperar um pouco.
Seu rosto era um misto de preocupação e felicidade. Ele colocou as duas mãos no cabelo e o jogou pra trás, deixando-o ainda mais desarrumado do que de costume.
-Sim, podemos. - eu respondi rindo.
-O que você fez ontem? – ele questionou, me encarando.
Ele colocou as mãos nos bolsos e me olhou de forma muito inocente, realmente parecia que ele nem de longe era mal como as pessoas diziam que os magos negros eram.
-Fiquei estudando algumas técnicas. E você?
Ele pensou um pouco antes de falar.
-Durante o dia eu dormi, de noite eu tentei treinar um pouco.
Aquilo era algo incomum...
-Por que você não treinou durante o dia?
Aparentemente eu o tirei da própria linha de pensamento porque ele me olhou meio surpreso, meio assustado.
-Sou um mago que usa o poder do frio e da escuridão, a lua é a minha regente, eu funciono melhor à noite. - ele respondeu calmamente, mas um pouco apreensivo.
Era de se esperar que ele gostasse mais da noite, mas ainda assim isso levantava algumas dúvidas.
-Então viver à luz do dia te incomoda?
-Não exatamente, - ele disse, pensando um pouco sobre o assunto. - eu só me sinto melhor de noite, mas não é ruim viver com o sol... pelo menos quando não está muito quente... - ele respondeu olhando para o sol, que estava ficando cada vez mais alto no céu.
-Olá meninos. - disse a Carol, atrás de mim.
Foi muito reconfortante ouvir a voz da Carol, e ela parecia ótima.
-Oi Carol, você não tá totalmente recuperada não é mesmo?
Tentei segurar a risada ao dizer isso.
-Por que você diz isso Marcelo?
Ela realmente ainda parecia meio cansada e seu tom de voz estava calmo.
-Você cumprimentou que nem gente.
A cara dela foi a de mais pura indignação e ela começou a me estapear no braço enquanto eu não parava de rir.
-Ah, que amor que você é Marcelo e não quero ouvir sua opinião Ângelo, porque você vai defendê-lo.
-Não falei nada. - ele respondeu, rindo da situação.
Depois de uns 10 segundos me batendo, aparentemente ela estava satisfeita.
-Muito bom. Vamos? - disse a Carol com tom de autoridade, o que fez eu e o Ângelo rirmos ainda mais.
-Sim senhora. - eu respondi, quase caindo no chão de tanto rir.
Ela me deu língua e fomos. Ficamos conversando sobre nossos domingos até que o Ângelo precisou ir para o bloco A enquanto que eu e a Carol fomos para o bloco dos espadachins.
Passei a manhã tentando treinar alguns dos conceitos que aprendi com a Carol, mas eram muitos conceitos e de um nível de dificuldade muito elevado, provavelmente iria me consumir toda a semana, mas valeria à pena. O almoço veio rápido, ainda mais que eu o esperava ansiosamente. Avistei o Ângelo sentado numa mesa no canto do salão, ele já tinha pego seu almoço e estava nos esperando pra comer. Peguei minha comida com a Carol e nos juntamos a ele na mesa.
-Como foi a manhã de vocês dois? - ele perguntou.
-O Marcelo ficou treinando técnicas que ele havia aprendido, eu tentei ajudá-lo usando técnicas com água, e você? - respondeu a Carol, tentando ver se tinha pego tudo que queria pra comer.
-Tentei melhorar o foco e a rapidez das magias. - ele respondeu, não muito animado.
-Conseguiu? - eu perguntei.
-Hum, não muito bem, as magias estão demorando. - ele parecia bem preocupado com isso. Apesar de não gostar disso, era verdade, as magias dele estavam lentas pra serem evocadas e isso era um problema...
-Você tem uma semana Ângelo. - tentei encorajá-lo.
-Eu sei Marcelo, essa uma semana será para aperfeiçoamento.
Sua voz deixou claro que ele ia estudar freneticamente a semana toda, o que provavelmente não daria muito tempo pra nós... bem, talvez fosse melhor não pensar nisso.
-Você não pensa em reforçar o que seu professor deu nas últimas aulas? - perguntei, sem muito entusiasmo.
-Não.
Ele começou a me encarar depois de ter dito isso, de um jeito estranho, como se ele não tivesse entendido alguma coisa.
Conversamos mais um pouco enquanto comíamos, até que o sinal de voltarmos para a sala soou. Nós nos despedimos mais uma vez e fomos treinar.
A tarde passou tão rápida quanto a manhã. Eu e a Carol encontramos o Ângelo na saída e voltamos pra casa juntos. Deixamos a Carol na casa dela e fomos em direção à do Ângelo.
-Marcelo, o que aconteceu no almoço? Você ficou meio triste de repente.
A pergunta me pegou de surpresa e ele não tirava os olhos de mim.
-Ah, nada, eu só tava pensando nessa semana, e que... sei lá, talvez não tenhamos muito tempo pra... hum... ficar juntos.
Era difícil eu gaguejar pra falar algo, mas isso era realmente meio egoísta e constrangedor. Pro meu espanto ele não pensou pra responder.
-Acredito que não, podemos treinar juntos uma parte da noite e reservamos um tempo para... fazermos outras coisas que não sejam treinar.
Ele falou aquilo de um jeito espantosamente simples, como se já tivesse planejado isso antes de dizer, o que eu não duvido que ele tenha feito.
-Bem, pode ser. Treinamos na sua caverna?
Aparentemente isso também estava nos planos dele, ele assentiu.
-Sim. Busco-te depois do jantar, ok?
Seu rosto se abriu num sorriso, o tipo de sorriso para o qual era impossível dizer não.
-Claro, podemos fazer isso na terça e na quarta também.
Eu retribuí o sorriso de um jeito um tanto quanto sem vergonha.
-Por mim seria muito bom.
Começamos a rir no meio da rua com nosso pequeno flerte de sorrisos.
Levei ele até sua casa, nos despedimos com um beijo e eu voltei pra casa pra jantar. Hoje minha mãe tinha fritado um bife e parecia que tinha arroz!
Veja bem, depois do acidente a fauna e a flora foi dividida em normal e monstruosa, sendo assim, tínhamos uma quantidade limitada de diversificação de alimentos. É preciso considerar também que as plantações e as criações de animais eram muito bem protegidas e tudo mais... por essas e outras a comida se tornou algo caro, e arroz era algo que dificilmente tínhamos em casa, já que era considerado um alimento de gente rica.
-Mãe, você fez arroz...
O rosto dela se iluminou, com aquela aura de mãe cozinheira que fez algo que o filho vai gostar.
-Sim, meu anjo, hoje teremos um jantar especial.
Aquilo era um pouco esquisito...
-Temos algo pra comemorar?
Andei em direção à mesa enquanto falava.
-Não, mas precisamos aproveitar bem cada momento.
Por azar eu entendi o que ela queria dizer, ela também estava com medo da prova. Pensei em como ela ficaria arrasada se eu... não conseguisse. Meus olhos começaram a ficar marejados. Me contive antes das lágrimas saírem e olhei pra ela, aparentemente ela também tentava se conter. Falei algo pra segurar o choro.
-É verdade, vamos comer.
-Vamos. - ela disse rapidamente.
Tivemos um jantar que prometia ser silencioso, até que nasceu um sorriso tímido em seu rosto.
-Marcelo, você gosta do Ângelo, não é mesmo?
Eu quase engasguei quando ouvi aquilo.
-Acho que sim, não sei mãe, eu o conheço faz tão pouco tempo...
Ela se inclinou um pouco sobre a mesa, meu coração acelerou um pouco.
-Ah meu querido, você está se apaixonando! - ela disse, juntando as mãos no final da frase.
O jeito cantarolado e doce que ela usou pra falar aquilo me deixou meio perturbado. Eu sei que eu gostava de estar perto do Ângelo, que eu pensava bastante nele e... e talvez eu estivesse me apaixonando mesmo...
Olhei pra ela como se pedisse ajuda, porque era isso que eu queria nesse momento.
-Marcelo, não precisa ficar envergonhado, acontece com todo mundo.
O sorriso em seu rosto me acalmou um pouco.
-Mas mãe, - deixei o garfo de lado e continuei a falar - é diferente... não é igual às outras pessoas que eu fiquei. Ele é tímido, fala pouco, e tem os problemas dele... e apesar disso, eu sinto como se nunca tivesse visto ninguém tão bonito... e ele é o único que consegue me deixar sem palavras...
Tentei lembrar dos caras que eu já tinha ficado, algo que não foi muito legal, porque eu me considerei meio... bem... podemos dizer que nunca fui uma pessoa que quisesse compromisso. E ainda assim, de todos os que eu tinha ficado, eu nunca fui muito fã de tímidos. Mas com o Ângelo era diferente. Eu queria conquistá-lo, eu não queria ficar por ficar, eu queria mais que isso... na verdade, eu quero.
Me dei conta de que minha mãe não tirava os olhos de mim enquanto eu pensava, era como se ela conseguisse ver o que eu pensava...
-Marcelo, - finalmente ela começou - quando eu conheci o seu pai...
Por um instante percebi que ela não estava mais ali na sala, ela tinha voltado a 22 anos atrás.
-...ele era igual você. Ele nunca quis compromisso com as meninas, e eu gostava dele.
Ela juntou as mãos encima da mesa, olhando-as fixamente, novamente se perdendo no que sua memória continuava a reviver.
-Certo dia ele veio falar comigo, disse as mesmas palavras bonitas que ele dizia pra todas as meninas, e... pediu pra ficar comigo.
Seu rosto não estava muito feliz, mas não custava arriscar um palpite.
-E você disse que sim.
Ela mordeu os lábios e disse:
-Não Marcelo... eu disse que não.
Ok, isso era estranho. Se ela disse não, como é que eles me tiveram no fim das contas?
-Mas então...
-Eu vou terminar a história.
Me arrumei na cadeira e fiquei em silêncio, esperando que ela continuasse. Depois de um sorriso tímido, ela retomou o que estava dizendo:
-É claro que ele estava desacostumado a uma recusa, ele era lindo e todas as meninas sonhavam em ficar com ele. Obviamente eu não era exceção, mas eu não queria ficar com um galinha como ele, por isso recusei. Mas seu pai sempre foi bom no flerte, e não desistiu de mim por um bom tempo. Até que eu coloquei as cartas na mesa.
Sua voz tinha ficado um pouco mais triste nessa parte...
-Eu não aguentava aquela pressão, eu queria ficar com ele, mas ele certamente não gostava de mim da mesma forma, e eu não ia querer quebrar a cara.
Ela suspirou, era a primeira vez que ela me contava essa história, e não parecia ser o que eu imaginava de uma história de amor... De qualquer forma, ela continuou.
-Eu disse tudo isso pra ele. Disse que não ia ficar com ele porque ele não tinha compromisso nenhum, porque eu não confiava nele e porque no fim de tudo eu ia sair sofrendo feito uma idiota e sendo trocada por alguma outra mais bonita. A única resposta que ele me deu foi: Confie em mim, só uma vez, e eu nunca vou fazer você se arrepender da sua escolha.
Até eu fiquei emocionado com isso. O sorriso voltou ao seu rosto e ela estava absolutamente perdida em seus pensamentos.
-E eu confiei Marcelo. Eu confiei nele só uma vez, e só precisei de uma. Ele estava realmente apaixonado por mim, de verdade. Nós namoramos por dois anos, até um dia que ele me chamou pra um jantar romântico, pra comemorar nossos 2 anos de namoro. Foi quando ele me pediu em casamento.
Meu queixo quase caiu, quem diria... isso me deu algumas idéias, mas achei melhor deixar pra lá...
-E você aceitou?
-Sim, - sua expressão foi tão amorosa quanto a que ela deve ter feito no próprio dia - e foi a melhor decisão da minha vida. O resultado da nossa lua de mel está na minha frente agora.
Eu fiquei meio surpreso deles só terem “me feito” na lua de mel, mas pensando melhor, eles já deviam ter feito sexo antes, mas com preservativos... O que me lembrou da minha primeira vez, tinha sido com um outro espadachim lá da academia, enquanto os pais dele estavam fora. Tinha sido muito bom, mesmo que não fossemos tão íntimos quanto eu gostaria. Pensando bem, aquilo não teve muito amor... mas seria diferente com o Ângelo. Espera... eu to planejando sexo com o Ângelo?!
O barulho de alguém batendo na porta me tirou dessa linha de pensamento, ainda mais pelo fato de que provavelmente era o próprio Ângelo que estaria na porta. Minha mãe levantou pra atender enquanto eu levava os pratos pra pia. Quando o Ângelo entrou na cozinha eu não pude deixar de reparar melhor no corpo dele, e gostar do que vi. Seu olhar foi meio confuso e eu tentei tirar esses pensamentos da cabeça.
-Hum... você já está pronto pra ir?
Aparentemente ele estava um pouco cansado, sua voz fora arrastada, mas seu olhar era de felicidade e suspeita, algo que eu compreendi depois de eu ter olhado ele daquele jeito.
-Claro, vamos.
Eu falei com a minha mãe sobe o treino extra e ela concordou. Nós nos despedimos dela e saímos pelas ruas da cidade. Já era noite, e a lua estava brilhando num céu sem nuvens. Caminhamos por algum tempo sem se falar e eu notei que o rosto dele estava um pouco vermelho, o que eu presumi que fosse minha culpa.
-Ângelo, você tá bem?
Ele encarava o chão enquanto andava, o que fez com que eu não pudesse ver sua expressão na hora.
-Hum... claro, vai ser... legal, ter companhia.
Algo na voz dele dizia que ele estava nervoso demais pra estar tão bem quanto dizia.
-Ângelo, você é um péssimo mentiroso. - eu disse rindo um pouco, pra quebrar o clima pesado. O que deu certo, porque ele riu também.
-Você tem algum plano pra mim que eu não saiba?
Ouch, ele tinha notado o olhar nada discreto. É claro que eu tinha vários planos pra ele, ainda mais depois da conversa que tive, mas ele não precisava saber disso. Afinal, estávamos saindo no meio da noite e talvez ele ainda não tenha esquecido que me conhece a tão pouco tempo...
-Não tenho nenhum plano que você não saiba. - eu disse calmamente.
Tentei não sorrir, sempre menti exemplarmente, se é que posso dizer isso, mas mentir pra um mago que usa magia negra é um feito e tanto...
-Algo me diz que essa não é toda a verdade, mas às vezes o melhor é ser pego de surpresa.
O sorriso sem vergonha no rosto dele associado a essa frase me fez perder o ar e querer tomar alguma atitude. Eu o abracei por trás, envolvendo meus braços em volta da sua barriga e com meu queixo roçando a orelha dele. Caminhamos assim até estarmos já dentro da floresta e ele se virar e dizer do lado do meu pescoço:
-Se você é assim quando não tem nada planejado, então acho que vou ficar muito feliz quando eu fizer parte dos seus planos.
Ele parou, virou o corpo e pressionou seus lábios frios no meu pescoço, subindo até a minha boca, onde os meus lábios encontraram os dele. Nos beijamos por um breve momento, até que ele disse que ali não era seguro e que devíamos ir logo. Eu tive muita vontade de responder que ele que tinha começado, mas a sensação daquele frio gostoso no meu pescoço ainda não tinha passado e eu tinha gostado muito disso pra dizer que queria ter parado.
Continuamos andando até a caverna dele, onde mais uma vez ele precisou de magia pra conseguir ver algo. Quando finalmente estávamos na câmara dos cristais verdes ele libertou a magia negra. Eu saquei minhas espadas e deixei o fogo consumi-las. O Ângelo ficou observando minhas espadas com um olhar de tensão.
-O que foi?
Ele me olhou e eu vi um pouco de medo em seus olhos.
-Hum... nada, eu só não gosto muito de fogo...
Bem, era compreensível, ele era usuário de gelo, qualquer dano por fogo faria um mal muito grande a ele.
-Eu tomo uma distância maior, não se preocupe.
Minha voz foi calma, e o rosto dele dizia que tinha funcionado. Ele concordou e ficou do outro lado da sala.
Foi um treinamento diferente, porque apesar dos dois estarem concentrados, era óbvio que um nunca esquecia a presença do outro. O que era bom, porque nos dava força pra treinar com mais vontade.
Só paramos quando o Ângelo disse que faltavam 10 minutos pra meia-noite. Ambos estávamos suados.
-Marcelo, não chega perto de mim, não vou conseguir prender a magia negra por enquanto...
Ele estava com as mãos no quadril, arfando um pouco. Era estranho pensar em tanto cansaço quando ele só ficou parado. Mas eu lembrei de como era ficar um dia todo estudando numa biblioteca e aquilo devia ser semelhante... Caminhei em direção a ele, observando seu rosto.
-É a mesma coisa que dizer vem aqui?!
Eu comecei a rir, sentindo cada vez mais a força da magia negra. Agora, parado na frente do Ângelo eu podia ver o que eu ia perder se eu não passasse naquela prova. Acariciei seu rosto frio, ele me olhava com ternura enquanto colocava sua mão por cima da minha. Envolvi meus braços envolta de sua cintura e nos envolvemos em mais uma daquelas brigas de temperatura, onde meus lábios insistiam em aquecer os dele.
A terça e a quarta-feira passaram como um sonho, o sonho que precede o dia em que se acorda e vê o quão perto do fim pode estar a sua vida.

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Prefácio

Marcelo é um espadachim de fogo e seu sonho está muito próximo de se tornar realidade.
Ângelo é um mago de gelo com uma vida prestes a mudar.
Miro é um guerreiro de fogo com sérios problemas com seu rival.
Glaucos é um arqueiro de vento galanteador e de vida fácil.
Cada um deles tem um segredo, os quais estão prestes a serem revelados.

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